domingo, 30 de janeiro de 2011

O SAPATINHO DE NATAL, de António Cardoso Ferreira


Era uma vez um par de sapatos nº 26, castanhos-claros, que tinham o sonho de servir de sapatinhos de Natal.
Tudo começou assim:
- Este par de sapatos foram comprados pela mãe do André, quando ele fez anos, e desde então andavam quase todos os dias, calçados pelo André, a correr pela casa, pelas ruas e pelos jardins. Ouviam falar do Natal mas não sabiam o que era, até que numa noite viram pôr na chaminé um sapato do pai do André, outro da mãe, outro do mano Pedro e outro ainda do André, mas este último foi uma bota que se ficou a rir deles porque era maior e mais velha. Despediu-se do par de sapatos com uma piscadela do atacador e disse: “amanhã é que vão gostar de me ver, cheia de coisas boas!”
Os sapatos ficaram muito intrigados e não dormiram quase nada. Na manhã seguinte o André calçou-os à pressa, foi a correr até à chaminé e ficou muito contente com os brinquedos e chocolates que estavam encavalitados na bota, cheiinha com tantas coisas dentro que nem cabiam lá todas… O André disse que tinha sido o Menino Jesus que tinha vindo na noite de Natal e tinha posto aquilo tudo.
Desde então, os sapatos não pensavam noutra coisa… “Para o ano somos nós”, diziam eles. “Quem vai ser escolhido – tu ou eu?” E sonhavam com isto, enquanto iam olhando para o calendário… sim, eles já sabiam ler pelo calendário que o Natal era na noite de 24 para 25 de Dezembro.
Mas quando o Natal chegou, foi outra vez a bota quem teve a honra de ir para a chaminé. Ela bem lhes explicou que era maior e mais velha e por isso cabiam lá mais coisas, mas eles ficaram inconsoláveis…
Ora aconteceu que na primavera seguinte deixaram de ver as botas do André e perceberam que elas já não estavam lá em casa. “Agora é que vamos ser nós! Vais tu ou eu?”… e foram contando os dias que faltavam. 
É verdade que, desde Outubro, o André calçava-os menos vezes e havia agora um novo par, novinho em folha, que ele usava mais. Davam-se bem uns com os outros mas o nosso par ia repetindo: “Nós somos mais velhos, vamos ser escolhidos, com certeza!”.
Na manhã da véspera de Natal, a mãe do André foi buscá-los, escovou-os, engraxou-os muito bem e meteu-os numa caixa. Ficaram muito orgulhosos porque isso devia querer dizer que um deles ia ser posto na chaminé, nessa noite. No entanto, a seguir ao almoço, a mãe do André pegou na caixa e saiu com eles. Andou, andou, e depois perceberam que a caixa mudou para outras mãos no meio duma conversa que não entenderam muito bem.
Continuaram às escuras lá dentro, toda a noite, até que de manhãzinha ouviram gritos e risos de crianças e, quando a caixa foi aberta, viram um menino que não conheciam, muito contente, que lhes fez festinhas e os calçou. Perceberam então que tinham passado a noite noutra chaminé, encavalitados numa bota, na companhia de uns bombons e de um cavalinho de madeira.
O nosso par de sapatos ficou muito feliz, porque não havia dúvida que a mãe do André os tinha levado ao Menino Jesus e que, melhor do que servirem de depósito para as prendas de Natal era serem eles próprios a prenda que o Menino Jesus tinha oferecido àquele novo amigo. E acharam também que o presépio devia ser aquilo: o menino que os calçava estava sentado ao colo da mãe e do pai, todos abraçados e cheios de alegria.
E diziam os sapatos um para o outro:
Melhor ainda que dar prendas é sermos nós próprios, uns para os outros, a mais bela prenda de Natal!”

António Cardoso Ferreira

 Publicado no Jornal "Notícias de Gouveia"

sábado, 29 de janeiro de 2011

NOITE DE NATAL 2007, de António Cardoso Ferreira

Nasceu
pela estreita fenda
aberta no fundo mais escuro
dessa noite

Olhou
os vultos indecisos
das montanhas e das casas
envoltas em lençóis imensos
de neblina e mágoa
nessa noite

E foi de súbito que viu
o brilho de um clarão
abrindo os braços
e um jorro de luz
iluminando os passos
dos que buscavam rumo
nessa noite

Pouco importa
se eram pastores ou reis
os que então partiram
para o sonho

A estrela está dentro de nós
escondida
Faz falta descobri-la
acendê-la
e fazê-la brilhar por toda a vida


António Cardoso Ferreira

Publicado no Jornal "Notícias de Gouveia"

Habito o meu corpo há 53 anos


Bom dia


Habito o meu corpo há 53 anos.
Diariamente, se não me engano.
Tenho-o tratado benzinho.
Lavo-o todos os dias, sobretudo no Verão. Às vezes até o lavo 2 vezes por dia. Ele transpira um bocado.
Nos últimos dois anos tenho-o lavado com sabão azul. Ouvi dizer, ou li, que é bom para a sua pele,. Não tenho a certeza.
Se alguém souber de um outro produto mais adequado para a sua pele, diga-me pelo email:
artesao.social@gmail.com


Não estou descontente com o corpo que me calhou.
Podia ser pior.
Também é verdade que não escolhemos o nosso corpo. Saiu-me este.
De início era pequeno. Não sabíamos como seria quando crescesse.
Não saiu mal, de todo.


Mas, descobri por volta dos 45 anos que o meu corpo tem uma parte que não funciona muito bem: o meu pâncreas deixou de produzir insulina suficiente. É uma chatice.
Há órgãos do corpo que se devem, e podem trocar , por órgãos de outros corpos que deixaram de funcionar.
Não sei se, se fazem trocas de pâncreas. Os médicos e médicas nunca me falaram nisso.


Ah! esquecia-me de outro defeito do meu corpo: os dentes.
Nunca foram um ponto forte do meu corpo.
Mas, agora estou muito desdentado.
Talvez não tenha cuidado muito bem deles ao longo da vida do meu corpo.


Além destes dois defeitos destas partes do corpo, não tenho mais nenhum defeito a apontar.
Em geral ele tem funcionado bem.
Os gases eram desnecessários. O corpo podia não expelir gases.
Bem, a transpiração também seria desnecessária.
São resultados dos mecanismos internos do corpo, eu sei.
De todos os corpos. Pelo menos, da fase actual do desenvolvimento dos corpos.


Para já, o meu corpo durou 53 anos.
Há corpos que duraram menos.
O Manuel de Oliveira está de parabéns: um corpo com 100 anos!
Não são assim todos os corpos.


Vamos ver quantos anos o meu corpo vai durar.
Pelo seu estado, julgo que não é por aí que
o gato vai às filhoses”


É com alguma preocupação que sinto que, quando ele deixar de funcionar,
não tenho direito a outro corpo.
E uma chatice!


Julgo que não há ninguém que tivesse recebido um segundo corpo.
Se algum de vós souber de alguém que tenha recebido outro corpo,
diga-me alguma coisa para o email:
artesanalmente@gmail.com


Até para o ano,
quando comemorar mais um ano do meu corpo.
E que os vossos corpos também estejam bem vivinhos.


Zé João

Nota:
Este texto está escrito assim, não para dar ideia que é poesia,
mas porque me apeteceu dar-lhe este corpo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

XV Colóquio Juvenil de Arte

História do tesouro perdido, achado e fechado (a propósito do Congresso do Associativismo e da Democracia participativa), por António Cardoso Ferreira


Era uma vez um país que foi obrigado a viver muitos anos sem um tesouro que lhe tinha sido roubado e que um dia finalmente voltou a conquistar. As pessoas abraçaram-se deslumbradas, abriram o cofre onde estavam a democracia, a liberdade, a solidariedade, a cidadania e muitas outras pedras preciosas que puderam tocar com as suas próprias mãos, e com esse tesouro começaram a fazer algumas maravilhas e também alguns disparates, porque nem todos estavam preparados para esta surpresa, e porque a palavra “poder” é equívoca em português – tanto pode significar “ser dono de” ou “ter autoridade para” como “ter capacidade para“ ou ainda “ter a responsabilidade de“.
Nestas andanças, o povo, com o poder nas mãos, escolheu alguns dentre si, em quem confiou para gerirem o tesouro reconquistado e pô-lo a render para todos. Contudo, entre os eleitos, havia uns tantos indivíduos contaminados pelos equívocos da palavra “poder”.
Com o passar dos tempos, os eleitos foram-se fechando com o cofre do tesouro num castelo de muros muito altos e o povo foi-se desinteressando do que se passava lá dentro, e começou a passar mais tempo sentado, nos sofás, nos estádios e noutros locais de consumo.
Hoje, é já grande o fosso entre o povo e os muros do castelo, mas não há dúvida que esse fosso tem sido escavado por todos.

Poderia este país ser Portugal? Uns dirão que sim, outros dirão que não…
Se este país fosse o Portugal de hoje, e houvesse um tesouro de pedras preciosas à guarda dos responsáveis pela nação, talvez já houvesse gente a pensar que o governo devia vender esse tesouro para pagar a nossa dívida e tentar acabar com a crise…
Mas tranquilizemo-nos. Esta história é pura ficção. Aliás, é um erro comparar a democracia, a liberdade, a solidariedade, a cidadania, e outras palavras da mesma família, a coisas como pedras preciosas, por muito valor que estas possam ter… É que, se reflectirmos sobre o sentido daquelas palavras, vemos que não podem ser comparadas a coisas, porque são palavras que vivem no interior das pessoas e que crescem através da relação das pessoas umas com as outras, olhos nos olhos, mão na mão… palavras que entram em diálogos que se transformam em partilha e alargam a nossa leitura da realidade, e se tornam depois cooperação, construindo os alicerces da mudança…
Não, palavras como democracia e solidariedade não são comparáveis a coisas que nos possam ser roubadas ou que alguém venda por dinheiro. No entanto, é verdade que nos podemos ir esquecendo que as temos cá dentro, tal como o povo daquele país, que começou a desinteressar-se delas, passou a viver sentado e contribuiu para que aumentasse cada vez mais o fosso entre si e aqueles que tinha eleito.
Ao esquecermo-nos de que temos estas palavras dentro de nós, desaprendemos que elas podem ajudar-nos a abrir as portas para sair do que temos chamado “crise económica” e que talvez seja sobretudo uma crise de cidadania, a qual assenta na justiça social, na solidariedade e na democracia participativa.
Talvez as portas que precisamos de abrir não sejam as que a sociedade de consumo nos apresenta e talvez os investimentos a fazer não sejam pelo caminho do “ mais ter “ e “ mais poder” à custa de especulações e injustiças.
Mas para descobrirmos as portas que nos podem levar à construção da cidadania, temos de nos erguer dos sítios onde nos sentámos e dialogar com os que se confrontam com a mesma realidade e que têm a mesma procura de libertação solidária. Só então podemos partir juntos pelos caminhos da mudança, sabendo que estes podem ser incómodos mas conduzem ao “ mais ser “.
Tudo isto vem a propósito do Congresso do Associativismo e da Democracia Participativa, que vai realizar-se no ISCTE, em Lisboa, nos dias 13 e 14 de Novembro de 2010. É um congresso aberto a todas as associações, ONG’s e cidadãos que, nestes tempos difíceis, em vez de “encolher-se” queiram criar laços entre si e construir cidadania.
O Grupo Aprender em Festa tem vindo a participar na preparação deste congresso, juntamente com várias associações.
Quem estiver interessado em esclarecimentos mais concretos, conteúdos dos temas a debater, inscrições, poderá visitar o blogue www.movimentodoassociativismo.blogspot.com ou contactar o GAF ou ainda telefonar-me para o 963084999.
António Ferreira

Publicado no Jornal "Notícias de Gouveia" 

the cape of good hope

the cape of good hope from rowan pybus & faith47 on Vimeo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Alguma bibliografia para animadores: prática da animação

Alcántara, José António (1995). Como educar as atitudes. Lisboa: Plátano.

Alves, Ermelinda Alberto Alves e Páscoa, Teresa (1999), Jogo em Formação. Lisboa: Companhia Nacional de Serviços.

Barbosa, Lisete (1995) Trabalho e dinâmica dos pequenos grupos. Porto: Edições Afrontamento

Boal, Augusto (1977). 200 Exercíciose jogos para o actor e o não actor com ganas de dizar algo através do teatro. Lisboa: Cooperativa de Acção Cultural.

Boal, Augusto (1977). Técnicas Latino Americanas de Teatro Popular. Coimbra: Centelha

Boal, Augusto (1992). O Arco-íris do desejo: método Boal de Tetaro e Terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Boal, Augusto (1997). Jeux pour acteurs et non-acteus. Pratique du théatre de l'opprimé . Paris: La Découverte.

Cebrián, Modesto Martín (1987). Juegos de ingenio. Valladolid: Centro Etnografico de Documentacion Diputacion de Valladolid

Pinto, Avelino; Soares, Catarina; Vaz, Fernanda, Vaz e Marques, Olinda (2003). Interagir: Técnicas de animação.Porto: Edições Salesianas.

Ribeiro, Hélder (2000). Tempo Livre 2. Coimbra: Edição do Autor

Stuart, Roderick (2000), Jogos para formadores:desenvolvimento de equipas. Lisboa: Monitor.

Vasques, Eugénia (2006). João Mota, O pedagogo teatral: metodologia e criação. Lisboa: Edições Colibri

Se desejar pode enviar mais informação útil para a prática dos animadores.

Exposição Colectiva na Moagem: Esculturas Leves

José Saramago: a democracia, está sequestrada, condicionada, amputada

domingo, 16 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

TU és meu fogo,

TU és meu fogo,
Minha chama, meu lume
És minha onda, meu Mar,
Minha sorte, meu ciúme
És o reflexo do meu luar
És vinho novo, vinho mosto
És meu mote, meu verso
És tudo aquilo de que gosto
O meu espelho e seu inverso
És meu riso e meu pranto
Meu acervo, meu tesouro
Meu ardor, meu encanto
És minha canção, melodia
Minha pele, meu vestir
És o Sol do meio dia
A razão do meu sentir
És a rosa no meu punho
Minha coragem e meu medo
És o meu mês de Junho
Eu?
Eu sou …o teu segredo.

Rosebud

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

CHICO BUARQUE & MILTON NASCIMENTO - O QUE SERÁ

Abandono?

Abandono?
Nunca!
Abandono não!
Não sou dono
Desse abandono
Meu Amor!

Abandono?
Gosto do Teu…
Quando no leito
Lânguida, estendida,
Parecendo até mais comprida,
Te abandonas às minhas carícias
Me procuras, nua…

Me Abraças
E enlaças
Beijando-me
No meu ventre…
Á maneira Tua
Deixando-me, de desejo,
Louco
Preparando-nos
Para que em Ti entre
Aquilo que beijavas há pouco

Abandono?
Desse gosto
Esse amo
Esse quero
O abandono do Teu corpo
Que è dono do Corpo Meu

Por isso,
Meu Amor acredita,
Que tenho em meu corpo gravado
Teu corpo sobre o meu… abandonado!

Rosebud

Conversas na praia com o Menino Jesus, outras crianças e gente de todas as idades, por António Cardoso Ferreira

Na Bíblia há muito poucas referências à infância de Jesus e nada consta sobre possíveis idas à praia enquanto criança. No entanto, lembro-me de há muitos anos me ter sido contada uma estória sobre Santo Agostinho, em que este andava passeando numa praia, embrenhado em profundos pensamentos para tentar compreender a essência de Deus, e reparou numa criança que repetidamente ia à beira do mar encher o seu balde com água, despejando-a depois numa cova que tinha feito na areia. Curioso, Agostinho perguntou à criança porque fazia aquilo e esta respondeu-lhe que estava a tentar deitar para aquela cova toda a água que havia no mar. E quando Agostinho lhe explicou que era impossível tirar com aquele balde toda a água do mar, a criança, que, afinal, segundo a estória era o Menino Jesus, olhou-o e retorquiu-lhe que também era impossível ele, Agostinho, entender todo o mistério da essência de Deus…
Há poucos meses, ouvi a um professor brasileiro outra estória igualmente acontecida com uma criança na praia, desta vez em diálogo com um cientista de um observatório de biologia marítima situado ali perto. A partir do observatório, o cientista reparara que todos os dias uma criança percorria a praia apanhando uns objectos da areia e atirando-os para o mar. Tantas vezes isto aconteceu que o cientista resolveu ir até à praia e tentar perceber o que a criança estava a fazer. Viu então um menino que se entretinha a apanhar estrelas do mar que estavam na areia, após o que as lançava à água. Perguntou ao menino porque fazia aquilo e este respondeu-lhe que naquela praia muitas estrelas do mar eram trazidas pelas marés e morriam na areia. Assim, ele procurava salvá-las, devolvendo-as ao mar. O cientista explicou-lhe que muitas outras estrelas do mar morriam pela mesma razão em praias de todo o mundo, pelo que o número de estrelas do mar que ele conseguia salvar era tão pequeno que nem se iria notar nenhuma diferença a nível mundial em virtude do seu esforço. Portanto, não valia a pena o menino estar a cansar-se com tanto trabalho todos os dias… Dito isto, deixou a criança pensativa e prosseguiu o seu passeio pela praia. Quando voltou para trás, verificou que o menino tinha voltado à sua actividade anterior, e, logo que viu o cientista, chamou-o e disse-lhe: - “ Isto pode não fazer grande diferença no mundo, mas, para esta estrela do mar que tenho na mão, faz toda a diferença!” – e lançou-a com força para a água.
Quando ouvi esta estória fiquei a pensar que a criança das estrelas do mar era parecida com aquela que falou com Santo Agostinho… Porém, todas as crianças são parecidas, no olhar, no riso, no choro, na tranquilidade do sono, na atitude de entrega em quem confiam, no abraço à natureza, e na procura de saber os porquês e os comos para descobrir novos caminhos. Por detrás da cor da pele, das eventuais deficiências, e do lugar do mundo onde se nasce, cada criança é portadora de imensas potencialidades que anseiam por desabrochar e nos desafiam a todos, desde as famílias e comunidades locais até aos decisores da política mundial, a proporcionar um bom desenvolvimento dessas potencialidades que apontam para o mais-ser.
Por estes dias, nas praias da Nova Zelândia e Sesimbra, andei a ler Leonardo Boff, que diz serem três os nós problemáticos que, urgentemente, devem ser desatados: o nó da exaustão dos recursos naturais não renováveis, o nó da suportabilidade da Terra (quanto de agressão ela pode suportar) e o nó da injustiça social mundial. Mas acrescenta que a solução para os referidos problemas não se encontra nos recursos da civilização vigente, pois o seu eixo estruturador reside na vontade de poder e dominação. Segundo Boff, o sonho que tem mobilizado o mundo moderno consiste em espoliar ao máximo os recursos do planeta, conquistar povos e apropriar-se das suas riquezas, buscando a prosperidade mesmo que seja à custa da exploração da força de trabalho e da delapidação da natureza. Para que esta ânsia de poder e dominação não leve a humanidade, e a Terra, a um impasse fatal, urge fazer uma revolução civilizacional.
Foi a partir destas conversas e reflexões à beira mar que me veio a ideia de oferecer aos meus amigos, como prenda de Natal de 2010, um pedacinho de concha, de Sesimbra ou da Nova Zelândia, lembrando que, para as crianças mais pequenas, mesmo um pedaço de concha sem valor comercial as pode surpreender pela cor, pela forma e pelo tacto, fazendo-lhes nascer um sorriso com que abraçam a natureza. E os meus votos de Boas Festas incluem o desejo de que tentemos salvar as “estrelas do mar” que estejam ao nosso alcance e procuremos interagir com todos os que sentem necessidade de participar na tal revolução civilizacional que poderá reequilibrar a Terra e tornar a Humanidade mais solidária e feliz.

António Cardoso Ferreira

Publicado no "Notícias de Gouveia"

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Moda do Bombo - Lavacolhos - Michel Giacometti

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vestir outra vida

Vestir outra vida
É despir-se da vida
Que se trazia, antes, vestida?

È partir do nada
Ou do já perdido
E vestir novo vestido?

È nada vestir
Ou Tudo despir?

Ou vestir de novo
Um novo Vestir?

È vestir algo de que se goste
Ou despir o que se tinha posto
E vestir-se de bom gosto

Vestir outra vida
È desistir?
Ou… insistir?

E tu que de Palavras te vestes
Mas que te despes com pudor
Vais fazer o que disseste
Por Raiva, ou por Amor?


E se aquilo que disseste
Foi aquilo que sentias
Não há veste que te reste
Pr’a vestir todos os dias.

Veste-te antes de Vestal
De vestido feito de linho
Teu vestir, no final
Será um outro…caminho!

Rosebud

Delá

Hosting Families Coimbra - Receba um voluntário internacional em sua casa


Entre Dezembro de 2010 e Fevereiro de 2011 a AIESEC Portugal está a promover por todo o país o seu programa de Hosting Families.

Com este programa todas as famílias interessadas poderão receber e acolher em suas casas um dos muitos estudantes voluntários internacionais que estarão a viver e a trabalhar em Portugal entre Fevereiro e Março de 2011.

Durante este período estes voluntários irão a desenvolver várias actividades com grande impacto social junto de milhares de crianças, escolas e ONG's espalhadas por todo o país, todas elas relacionadas com a temática dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e com a Campanha do Milénio promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Portugal.

Se a sua família está interessada em aproveitar esta oportunidade de viver na sua própria casa um ambiente de cultural internacional, então clique em baixo e saiba como pode apoiar a AIESEC Portugal e os seus voluntários internacionais neste programa.

Contactos programa de Hosting Families da AIESEC em Coimbra
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
non.corporate@coimbra.aiesec.pt
239790518

A Nêspera

Uma nêspera
estava na cama
deitada
...muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário Henrique Leiria,

in Novos Contos do Gin

Rosa Rodrigues dá conselhos para quem quiser iniciar-se na AgriCultura Biológica

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Receita para resfriado

Limão quem me dera ser
P'ra mergulhar em teu chá
Água quente, bem a ferver
CUIDADO NÃO BEBAS JÁ!!

Deixa que o mel se misture
Nesta água d'infusão
Deixa-me que te procure,
Segurando tua mão,
Um outro remédio que dure,
Para além da rouquidão

De ternura, duas pitadas
De carinho uma colher
Duas lágrimas bem salgadas
Agitar antes de beber

Se isto ainda for pouco
P’rás melhoras que desejo
Recebe este amor louco
Recebe, de mim, este beijo!

Rosebud

Sir Ken Robinson: Bring on the learning revolution!

Rosa Rodrigues explica o que é e como se come a pastica

domingo, 2 de janeiro de 2011

"Com estas medidas de austeridade Portugal não vai pagar a dívida" - Portugal - DN

"Com estas medidas de austeridade Portugal não vai pagar a dívida" - Portugal - DN

A Campo Aberto fez 10 anos no último dia 29 de Dezembro

Lembram-se? A Campo Aberto fez 10 anos no último dia 29 de Dezembro
de 2010, completados sobre a data de constituição da escritura notarial.

Na verdade, podemos dizer que faz 11 anos e mais, já que foi
precedida de uma ação em grupo informal iniciada em Março de 1999,
mais precisamente talvez em Outubro desse mesmo ano, e que se
traduziu em diversos debates no âmbito do ciclo Porto e Noroeste em
Debate (e na criação do fórum eletrónico do mesmo nome) ao longo de
2000.

Para assinalar a efeméride, e reforçar a sua coesão e ação, foi
decidido assinalar a data ao longo de 2011, em concreto:

* 12 de Fevereiro - assembleia geral seguida de um jantar de
confraternização (para o qual serão em breve iniciadas inscrições);
ambas abertas, como é nossa tradição, a sócios e não sócios
simpatizantes (embora estes últimos sem direito de voto na AG)

* ao longo do ano, entre Fevereiro e Setembro : ciclo de debates e
visitas sobre a revisão do PDM; como se lembram, a Campo Aberto
dedicou especial atenção à elaboração do PDM hoje em vigor, ao longo
dos seus primeiros anos de vida; e dedicou também a ele grande parte
das comemorações do seu quinto aniversário, assinalado em 2006

* em princípio em abril/maio, edição de um suplemento ao livro
Reflectir o Porto e a região metropolitana do Porto, que incluirá os
comunicados e tomadas de posição emitidos pela associação de 2006 a
2010; a propósito recomenda-se a leitura, releitura ou consulta
ocasional desse livro, cujos preços foram remarcados para facilitar a
sua aquisição e divulgação (3 euros para sócios, 5 para não sócios);
para instruções de como o adquirir, contactar:
contacto@campoaberto.pt Muito provavelmente, se mora no Porto, no índice remissivo,
encontrará entradas referentes à sua rua, ao seu jardim ou, pelo
menos, à sua zona!

Aproveito para desejar a todos um 2011 de alegre
resistência contra a adversidade, e uma vontade irreprimível de
participar e colaborar o mais possível com as iniciativas e objectivos
da Campo Aberto.

Abraço

José Carlos Marques
vice-presidente

"Você gosta de mim?"

"Você gosta de mim?"
Amor, porque perguntas
Se sabes a resposta?
Porque perguntas assim,
Bem sabendo o quanto,
O modo
Como de Ti gosto?

Bem sabendo o tanto
Que Te amo,
Te quero,
Te desejo?

Então se sabes,
Perguntas, porque gostas
Que minha resposta
Saiba ao beijo
Que Te quero e não posso dar
Que queres mas não podes receber
A não ser…
Que este verso que escrevi
E que lês neste instante
Mostre…como gosto de Ti

 Gosto dos teus olhos
E ainda mais do Teu olhar
E gosto demais, preciso
Minha Querida, de Teu sorriso

E como gosto de Tua boca
Mesmo antes de a sentir
Gosto de Teus seios
Minhas rolas, meu altar
Como gosto de os beijar…

 E gosto de Teu ventre
Meu ventre nele poisar
E como amo, quando me amas
De sentir Teu ventre…em chamas!

E se houvesse mais gostar
 Se isso possível fosse
Gostava de perguntar
De forma terna, quão doce
Embora sabendo que sim:
Meu Amor…?
Gostas de mim?”

Rosebud

Fotos da destruição da Linha (Ramal) da Lousã, de Ana Paula Simões




Conselho ao eleitor

Vote caladinho
porque à mesa
e na urna
é feio
falar 
com a boca
cheia

Arroz Carolino Garça Branca, de Maiorca, Montemor-o-Velho

sábado, 1 de janeiro de 2011

Arco- Íris Coimbrinha: um arco-íris sobre Coimbra. Fotografias

O pouco do que resta da Linha da Lousã (Ramal da Lousã)





As populações de Miranda do Corvo e  Lousã tinham uma linha centenária.
Agora ficou-se sem linha e sem o anunciado metro.
Uns autocarros substituem um serviço que servia, com qualidade, a população.

Mão de Mulher

Há mãos para tudo e mãos para nada
Há mãos de Homem e de Mulher
Mas a mão masculina,
Não é p’ra aqui chamada!

Mão da Mulher é a Mão de Mãe
Mão firme, carinhosa
Mão doce, feminina
E mesmo na Mãe idosa
Mão de Mãe é Mão de menina.

Mão de mulher é Mão de namoro
Mão de ternura, Mão de desejo
Entre a luxúria e o decoro
É Mão do medo do primeiro beijo

Mão de mulher é mão de Amor
Mão da carícia, sexo na Mão
Esquerda ou direita, a Mão que for
Mão de Mulher é Mãe da paixão

Depois há a Mão companheira, amiga
Mão solidária, sempre presente
A Mão que cumprimenta, na forma antiga
Mão que a Mão do outro sente

Por último, a mão sabida, gostosa
Mão massagem, terapia de certeza
Mão suave, muito cremosa
Levito em tua Mão, Maria Teresa.

Rosebud

Queijo do Rabaçal na Companhia Encerrado para Obras

Quinta Dionísio, nos Trinta, Guarda